E eu só queria um abraço...
Mais uma vez fui me pesar, e mais uma vez vi o ponteiro da balança aumentar um quilo. Não estou falando aqui de um simples medo de engordar, falo de anorexia nervosa(transtorno alimentar), é mais um transtorno que tenho que lidar na minha vida. Como o médico me explicou, é um traço psicótico porque foge da realidade, ou seja, eu me olho no espelho, e por mais magra que eu esteja, me vejo gorda.
Isso foi o que ele chamou também de desrealização, exatamente pelo que foi explicado acima.
Bem, não preciso entrar em detalhes sobre meu desespero, visto que estou sempre fazendo dietas e me exercitando constamente. Fiquei desesperada sim e não escondo, tive vontade de nunca mais sair de casa e a sensação de que nada de bom acontecerá para mim.
Naquele momento eu necessitava de um abraço, um afago. Mas ao invés disso, escutei palavras de invalidação do tipo: "você é boba! Esta fazendo tempestade em copo d'água". Resultado: me senti pior do que estava.
E não acabou por aí também escutei a seguinte frase: "estou cansada de você, do seu egoísmo, já não tenho mais paciência com você, some daqui!" E quanto a mim? Fiquei inerte, escutando tudo sem acreditar que aquilo de fato estava acontecendo, só me veio à mente que eu era um problema não só para mim, como também para os outros.
Desesperada com tudo que ouvi, corri para o quarto e chorei feito louca. Retalhei todo meu braço, e não satisfeita, arremecei alguns objetos e soltei um grito na esperança de que tudo fosse um sonho, mas não era.
Percebi então, que estou sozinha. As pessoas se cansam e desistem, eu não as culpo. Mas é muito duro e difícil ter de aguentar essa dor, porque todos os que acompanham meu blog têm visto minha luta diária, a batalha que encarei. E com as duras palavras que ouvi hoje, tive a convicção de que estou no mais completo abismo. A única coisa que eu queria era que me abracessem e dissessem: "não se preocupe, tudo ficará bem. Você consegue porque eu acredito em você."
É engraçado. Hoje quis pintar minhas unhas de vermelho e combinam perfeitamente com o vermelho que esta nos meus braços...
QUINTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2011
Ambivalência
Não quero estar onde estou, mas ao mesmo tempo tenho medo de sair
Quero amar, e ser amada, mas fico entre o desejo e a incerteza
Não quero me olhar no espelho, no entanto, vejo cada detalhe do meu corpo
E odeio o que vejo
Minha visão distorcida sobre meu físico, consegue atravessar minha alma
Me ferindo como uma adaga
Hoje quero tudo, amanhã só quero ficar presa na caixa
E diante desse paradoxo, só há uma pergunta:
Quando foi que me perdi?
DOMINGO, 28 DE AGOSTO DE 2011
Voltando para a realidade
Depois de tanto tempo em casa, praticamente de cama, esse final de semana fui para a pós graduação. Estava empolgadíssima, me arrumei, me perfumei, mas quando fui me aproximando da faculdade veio o medo. Medo das perguntas, de olharem meus braços, de me sentir mal, de gritar, de ter uma vontade incontrolável de esganar alguém, tive medo de mim.
O tempo todo me senti uma estranha, eu estava ali, mas ao mesmo tempo não estava. Não sei o que a professora disse, quis ir embora, mas fui impedida pelo meu "cuidador". Mãos suadas, respiração ofegante, vontade de vomitar, me senti desprotegida, um verdadeiro coelho jogado para os leões.
Ninguém me perguntou nada, mas não queria ficar ali, no entanto, fiquei. Apesar de todo o mal estar tive a sensação de que se não ficasse, passaria o resto da vida fugindo e se eu voltasse para casa, talvez me sentisse fracassada.
Confesso que não dei chance para perguntas, nem mesmo para as pessoas mais próximas de mim. O motivo é simples: para a maioria das pessoas uma doença só se justifica se for concreta, se passar pelo corpo, as patologias psíquicas são consideradas como: luxo, preguiça, falta de ter o que fazer, falta de Deus, rebeldia, esquisitice, e mais um sem fim de absurdos, de ideias pré-concebidas, de ingnorâncias e invalidações. Ou seja, é mais conveniente partir do senso comum, do que abrir um livro ou simplesmente pesquisar um site confiável e pesquisar sobre o assunto justamente para que essas concepções errôneas se dissipem.
Por isso evitei falar sobre o assunto. Era exatamente isso que eu diria: "se quer ajudar, pesquise, se informe, depois venha falar comigo." Seria demais para mim, além da dificuldade em se readaptar, eu não sei se conseguiria sair de uma situação dessas sem deixar alguém ileso.
Bem, consegui ficar até o final. Travando batalhas internas, brigando comigo mesma, às custas de muito suor, fiquei do início ao fim. Nesse caso, minha teimosia serviu para algo, porque apesar de tudo, saí da faculdade me sentindo vitoriosa e só conseguia pensar: "dá próxima vez será mais fácil".
Quando cheguei em casa só queria dormir. Estava exausta fisicamente e emocionalmente, por isso, de última hora recusei o convite do meu amigo para passar o final de semana no campo. Fui indelicada? Talvez tenha sido, mas precisava de um tempo só para mim. Precisava tirar a máscara de feliz, eu a odeio quando não é isso realmente que sinto. Sou transparente demais, não sei esconder emoções mesmo sabendo que é necessário nos dias de hoje.
Ainda me sinto cansada, mas estou calma. Fiquei feliz por estar aos poucos retomando minha vida, mesmo que nada tenha sentido e que eu tenha sempre essa sensação de não pertencer a lugar algum.
Meu mar interno esta tranquilo. A tempestade se dissipou, e sei que ela retornará, mas não quero pensar nisto. Ontem saí de dentro de mim, e agora retorno para aproveitar a calmaria.
SEXTA-FEIRA, 26 DE AGOSTO DE 2011
Para nós que lutamos e sangramos...
Queridos leitores:
Ficarei ausente nesse final de semana. Vou fugir um pouco da minha rotina, esquecer toda essa loucura, quero parar com tudo, até comigo.
Gostaria de deixar um vídeo de uma cantora que gosto muito, ela se chama Imogen Heap e a música Headlock. Espero que gostem!
"Tremor distante, é um cenário novo
Ficarei ausente nesse final de semana. Vou fugir um pouco da minha rotina, esquecer toda essa loucura, quero parar com tudo, até comigo.
Gostaria de deixar um vídeo de uma cantora que gosto muito, ela se chama Imogen Heap e a música Headlock. Espero que gostem!
"Tremor distante, é um cenário novo
Esse tempo está trazendo tudo de volta novamente
Grandes aventuras, rostos e conversas
Eu vou lá fora e absorvo tudo isso
Você diz que é muito tarde pra começar, mas tem seu coração amarrado,
Eu não acredito nisso.
Você diz que é muito tarde pra começar, com o seu coração amarrado,
Você sabe que você é melhor do que isso."
Obrigada Janine! Fiquei muito feliz!
ResponderExcluirBeijo grande!